segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Gainsborough




Thomas Gainsborough (1727-1788) foi um dos mais célebres artistas do Arcadismo.
Gainsborough estudou em França no atelier de Hubert François Gravelot e no estúdio de um pintor em voga na Corte de nome Francis Hayman. Cedo tomou contato com a pintura da Europa Central pela qual se apaixonou de imediato. Deu especial atenção à pintura popular alemã do século XVII e aos ícones russos.
Decidido a se tornar um pintor influente entra a corte inglesa, translada-se, em 1759, para Bath, uma cidade preferida cada vez mais pelos cortesãos e altos burgueses. Prontamente tornou-se um pintor de preferência entre a nobreza e a emergente burguesia, passando até o seu rival de longa data, Joshua Reynolds.
Gainsborough conheceu o sucesso devido aos seus retratos. Contudo, na sua obra também é frequente encontrar paisagens. Também é conhecido como um dos mais célebres fundadores da Real Academia, onde exibiu muitas obras de 1769 até 1772.
Já a morar em Londres, Thomas recebeu várias comendas da aristocracia, que quase o “santificava”. Nas suas pinturas, até o mais pobre padeiro, se assemelhava a uma figura divina, perante a qual temos que nos curvar. Gainsborough concedia, aos seus modelos, uma altivez e sobriedade curiosas e particular caráter, geralmente forte.
Geralmente - e em consequência dos anos que passou em Bath - é frequente na sua obra encontrar o estilo de Anthony van Dyck, que era igualmente um pintor de excelência entre a aristocracia inglesa e flamenga. Talvez por isso, muitos dos patronos de Gainsborough o tenham escolhido como seu retratista.
A sua paleta de cores pouco variou ao longo da sua trajetória. Nela estavam bem compactos os tons leves e mais brilhantes subjugados à fluidas cores escuras, como o castanho. Entre suas obras mais importantes estão "Retrato de Mrs. Philip Thickness" e "O menino azul".

Sr. e Sra. Andrews (1750) é uma pintura  a óleo.O artista estava em seus vinte anos quando pintou essa tela,que combina os dois gêneros em que se especializou: retrato e paisagem.Por sua própria conta,ele preferiu o segundo.
Aos 23 anos,Robert Andrews casou-se com Frances Carter,de 16 anos,em novembro de 1748. Gainsborough fez este retrato deles logo após o casamento.




24 comentários:

  1. Bom dia a todos! Marcelo acaba de postar quadros dos pintores ingleses Gainsborough e Hogarth. Que conexões podem estabelecer entre essas pinturas e o romance de Jane Austen "Orgulho e Preconceito"?É bom lembrar que a autora, como os escritores da Idade da Razão (Age of Reason),idealizavam uma sociedade perfeitamente organizada, nas que ordem, razão e respeitabilidade eram seus valores máximos.

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  2. Em Hogart, vemos em seu trabalho a presença de cores fortes e concentradas, e também os elementos do quadro se apresentam em tom de desordem a escarnecer os hábitos de uma época, exemplo, o casamento arranjado para que os laços de uma hierarquia social não fossem diluídos sem a consideração do "amor". Já, em Gainsborough, a diluição de suas tintas, a distinção de suas cores, a ordenação de suas figuras e seres pintados conferem ao seus sentidos um "establishment" social e cultural ordenado e pacificado no interior de uma natureza vista como maestra dos dias vivenciados.
    No trabalho de Jane Austen, vemos através das várias personagens a preocupação em salvar o futuro pela busca de um casamento economicamente e socialmente confortável, mas também a calma da razão pela conquista do bem estar dos entes de uma família, e a espera oportuna para a realização da eclosão de uma verdadeira paixão; portanto, o trabalho dos dois pintores se juntam para conceber o contexto pontual de "Orgulho e Preconceito".

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    1. Quis dizer, que naqueles casamentos onde os pais escolhiam com quem os filhos se casariam, o amor era o que menos importava.

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  3. O pintor Gainsborough para representar os recém-casados criou uma atmosfera "divina" unindo pessoas e natureza, em harmonia e sobriedade. O sr. Andrews aparece com uma cabeça altiva e uma postura a vontade, passando a impressão de domínio da situação. A sra Andrews, por sua vez, está representada numa pose muito rígida e acatada. Ela não está à vontade como o marido, ela parece uma estátua.
    A escritora Jane Austen também procura essas mesmas qualidades para representar a burguesia e a aristocracia.O personagem Darcy é o exemplo de equilíbrio, pensamento racional e é claro "orgulho" por ser de uma classe privilegiada. Facilmente o sr. Andrews da pintura seria a representação de Darcy.
    A pobre sra. Andrews, sem expressividade e vontade própria, é a imagem que todas as moças do romance deveriam almejar.

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  4. Heloisa Rocha Pires
    Gostei de Gainsborough, com a mão enfiada em cima do estomago, à la Napoleão Bonaparte. Ele devia se achar O BOM!
    Bem, acho que a ordem, razão e respeitabilidade procurada no século XVIII,por todos, era a ordem da aristocracia. Eles é que ditavam os costumes, as regras, que eram para ser copiados, I supose....Quem é que tinha vez naquele cafofo, turma?

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  5. Heloisa Rocha Pires
    Não percebo exatamente a conexão com Austen , mas acho que o casal devia pertencer à sociedade rural. Não os vejo ricamente vestidos, mas ele estava caçando, esporte que só os "abençoados" faziam, com um chapéu à la Napoleão, meio torto,e a mulher lendo. Poderiam ser uns "parvenues" ou da burguesia abastada em ascensão....

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  6. Heloisa
    Tudo bom? A relação com Austen está 'no desejo de ordem. Olhe o quadro de Hogarth e tente estabelecer um paralelo
    Cielo

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  7. Antoniel Lacerda

    Em Gainsborough temos a harmonia, um casal bonito e provavelmente unidos pelo amor, como é o caso de Mr Darcy e Elizabeth. Poderíamos também comparar o casal da pintura com Mrs. Darshood e Mr. Ferret de Razao e sensibilidade. Jane prezava por uma sociedade perfeita e equilibrada e isso é refletido nos casais principais dos romences dela.

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  8. Silvana Bueno

    A pintura acima do Sr. e Sra. Andrews (1750) reflete o modelo de casamento da idade da razão. Nota-se um ambiente no qual a paisagem é algo relevante, a imponência de Robert Andrews e o recato de Frances Carter nos dá a impressão de que tudo é perfeito. Se eu fosse a artista, eu pintaria Darcy na mesma posição em que se encontra o cavalheiro da foto, mas, Elizabeth estaria em pé, lindamente ao lado dele, sorrindo e segurando o cachorro em suas mãos, mostrando a toda sociedade que ela estaria na mesma posição de igualdade que o seu marido.

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  9. A pintura do Sr. e Sra Andrews (1750)retrata o casamento por negócio e não por amor; a mulher sentada sem muita expressão, como se não tivesse um bom relacionamento com o esposo, e o homem todo imponente ao seu lado, um verdadeiro aristocráta, e, por fim, a natureza está criando uma atmosfera equilibrada, tudo em seu devido lugar, nenhuma folha caida no chão.

    Alcilene.

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  10. o casamento deles parece perfeito como a natureza, porém não muito harmonioso, ela não parece estar à vontade com o esposo, e ele parece se importar muito mais com sua pose na sociedade, que, com sua esposa.

    Thaiana.

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  11. Ernesto Cáceres

    Embora Jane Austen tenha vivido num momento de grandes acontecimentos sociais, período da regência,entre o reinado de Jorge III e a Rainha Vitoria, sua obra não cita os acontecimentos relativos à época como as Guerras Napoleônicas o inicio da Revolução Industrial ou eventos que lembrem a Revolução Francesa,ainda que em suas narrativas sempre estejam presentes as fardas militares ao exemplo das figuras de Capitão Wickham e o coronel Fitzwilliam e suas marcantes jaquetas vermelhas.Por outro lado a sociedade rural tem suas características fielmente retratadas em sua obra , ou como ela mesma declarava: "... três ou quatro famílias vivendo numa aldeia do campo constituem material suficiente para se fazer um romance...", Jane Austen é quem melhor retratou a Inglaterra do século XVIII.


    O que me levou a fazer esta pretensiosa introdução foi “Mr and Mrs Andrews” de Thomas Gainsborough este quadro de 70x120, pintado em 1750 quando o autor tinha apenas 22 anos, desenha literalmente a referida sociedade minuciosamente descrita por Jane Austen. Os recém-casados da pintura, membros da alta burguesia Rural, estão retratados à sombra de uma árvore de carvalho símbolo de poder. O jovem casal esta deslocado para a esquerda da tal modo que o marido, em traje de caça, possa mostrar os seus “troféus”: a sua bela esposa, linda e ricamente vestida à moda Francesa, e sua vasta propriedade. Tudo nesta tela (tirando o vestido) é irremediavelmente Inglês.

    PS:No quadro original o casal está mesmo deslocado para a esquerda até porque Gainsborough preferia destacar a paisagem nos seus quadros.

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  12. Liliane Lima

    Esse quadro de Gainsborough apresenta um casal em perfeita sintonia, ele ocupam todo o quadro, embora seja possível perceber a natureza em sua volta, o que remete ao Romantismo.
    A postura perfeita das "personagens" indica aristocracia, e se fossemos compará-lo a personagens de Orgulho e preconceito, posso dizer que se parecem com Jane e Mr. Bingley, pela postura comportada e correta de ambos.

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  13. Fernanda Marco Antonio7 de novembro de 2012 às 05:11

    Sabendo agora que a autora- Jane Austin tem preferencia por Lizzy por ser a filha mais racional, jamais poderia interpretar a personagem nesta atmosfera hostil, sem amor de um homem que dita as ordens e a mulher acata sem contestar. Esta cena está mais para o casamento entre Charlotte e Collins. Um casamento em que os motivos econômicos, financeiros era a solução mais sensata para Charllote , é o que revela o capítulo 22, em uma conversa entre ela e Lizz.
    O casamento era a solução para as moças que não tinham dinheiro. O trabalho da mulher não era necessário. Era um ornamento. Elas estavam presas a essa estrutura social. Se não conseguiam se casar, se tornavam governantas.
    Jane Austin faz uma crítica a esse tipo de casamento, por conveniência e sem amor. Essa parte no romance se encontra no capítulo 19 quando Collins pede Lizz em casamento e ela enumera seus motivos de recusa.

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  14. Nos quadros de Gainsborough podemos observar a preocupação com simetria das formas, convívio harmonioso com a natureza e, alta qualidade nas obras que representam certas pessoas. No segundo quadro, existe harmonia das formas e do casal com o pano de fundo, composto por elementos da natureza. Em Orgulho e Preconceito de Jane Austen, há o casamento entre Lizzy e Darcy, que apesar da época praticamente forçar moças a se casarem por motivos financeiros, foge à esta regra, sendo assim consumado devido ao amor entre o casal. Desta forma, podemos dizer que há harmonia entre os dois que não se uniram meramente por razões economicas.

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  15. Pode afirmar que a personagem Elizabeth é uma fantasia de poder de Austen, que cria em seu romance um mundo com uma liberdade muito maior do que aquele em que ela própria vivia. Elizabeth é uma mulher que se expressa e age de forma crítica, desafiando os poderes masculinos; ela se importa pouco com o dinheiro, com a mobilidade e com o desejo de poder dos homens, indo contra as ideias tradicionais de submissão e de destino único para as mulheres.

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  16. As pinturas representam a realidade como deveria ser. O mundo perfeito e sofisticado da cultura inglesa, representada nas cores vivas, lugares luxuosos e de bom gosto e a exaltação da cultura britânica.
    Tanto Gainsborough quanto Hogarth pintavam para a realeza e a alta aristocracia inglesas. Suas obras destacam o estilo de vida da época... assim como no filme - a grandeza do "estilo inglês" de sociedade, cultura e refinamento - como o maior exemplo de evolução humana.

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  17. Fernando Ribeiro da Silva9 de novembro de 2012 às 07:44

    Na época em questão, as pinturas não retratavam o mundo real, mas sim, apenas a aparencia comportada e sofisticada. Contudo, o autor do quadro, parecendo propositalmente, pinta ao fundo grandes e enormes nuvens um tanto enegrecidas, o que poderia simbolizar os problemas que este casal tentava esconder. O mesmo acontece em vários momentos na obra de Jane Austin, quando a autora condena certos comportamentos adotados pelas personagens, deixando-os em evidencia.

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  18. Heloisa Rocha Pires 10/11/2012
    Respondendo à professora, examinei novamente os dois quadros, e percebi que no de Hogarth há mais ordem do que no de Gainsborough, talvez porque estavam posando para o pintor? será? Parece uma fotografia.

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  19. Heloisa Rocha Pires 10/11/2012
    Desculpe-me, troquei os nomes. O quadro em que existe uma sensação maior de ordem, para mim, é o de Gainsborough!

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  20. Na pintura de "Sr. e Sra. Andrews" há uma ordem no cenário, tudo está no seu devido lugar. O romance de Jane Austen é exatamente isso, essa procura pelo casamento ideal, onde o amor parece do lado da razão (estabilidade financeira), onde a ordem era uma característica visada. No quadro de Gainsborough pode- se perceber isso, o cavalheiro de pé portando uma arma, possivelmente está voltando de uma caçada (hábito privilegiado), e uma senhora em sintonia com o resto do ambiente.

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  21. A pintura mostrada assima retrata a perfeita ordem da sociedade, o casamento perfeito tendo a mulher como submissa ao homem ( homem retratado em pé com armas na mão e a mulher sentada, abaixo do homem delicademente segurando um livro). Na obra Orgulho a autora faz uma critica a esse tipode relacionamento.

    Hellen Pamela.

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  22. Para retratar as pessoas daquela época um pintor não podia pintar somente o que era mas o que os retratados queriam que parecesse, pois eram os mesmos que estavam pagando pela tela. Uma pintura típica da época mostrando uma mulher que era para ser bela e mostrada e a figura do homem como sendo o símbolo da virilidade e da masculinidade. O ambiente em volta retrata o clima bucólico e sempre limpo, ou seja, não há nada que polua visualmente a pintura nem que possa causar desarmonia ou estranheza. Portanto o que o dono do quadro queria passar era a imagem de perfeição, que aquela "família" era totalmente respeitável.
    Sandra Severo

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  23. Podemos fazer algumas comparações entre a obra de Austin e a Pintura de Gainsborough. O ambiente em que se passam as duas obras por exemplo, a ruralidade é abordada pelos dois autores, mas não somente isso, podemos extrair muito da pintura e da forma como as figuras (personagens) estão expressas na obra. A figura da mulher aparece com um certo constrangimento, com semblante apagado, ela está ali mas na realidade não se sabe se ela queria isso, e o homem aparece com um ar de dominador, super a vontade na situação como disse a Rita no comentário acima, mas repare que eles acabaram de se casar e estão separados na pintura. Austin apresenta suas personagens apontando criticamente esses aspectos de uma sociedade que tinha por hábito a união matrimonial como um negócio. Por tal motivo podemos inferir a falta de afeto e afinidade.
    (Rafael Oliveira)

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